segunda-feira, 27 de abril de 2009

Jornalismo Idealista - O Novo Vestibular

Começaremos hoje em nosso espaço aqui no blog a desenvolver análises sobre o Jornalismo de Ideias. Nossa primeira discussão será sobre o novo modelo de vestibular, com o Enem e seu valor maior.
O Jornalismo de Ideias dá margem a discussão sobre o uso da opinião pessoal no Jornalismo. Será que cabe sua utilização? Será que ela é colocada de forma polida ou todos percebemos facilmente?
Para começarmos a perceber isso, veja duas opiniões diferente em dois veículos diferentes sobre o novo vestibular. E entenda como a opinião pessoal é usada no Jornalismo moderno, nesse texto de Danilo Pilan:

“O jornalista deve ser neutro”. Essa é uma frase que gera muita discussão, principalmente entre os estudantes que estão começando no jornalismo. Mas as coisas não funcionam dessa maneira: somente o ato da escolha do assunto ou notícia já revela um posicionamento.
Cada veículo de comunicação possui uma doutrina ideológica, que pode ser notada nas linhas – ou entrelinhas – escritas pelos redatores e aprovadas pelos editores. Com isso, é fácil perceber quando um jornal é “da situação” ou “da oposição”, ou até mesmo se defende os interesses das elites ou das camadas populares, por mais que isso seja negado (dizer-se ‘a serviço da sociedade’ é quase como uma regra para os meios impressos e emissoras).
Um exemplo recente da manifestação clara de opiniões dentro do jornalismo ocorre com a revista Veja e o diário O Estado de São Paulo em relação ao novo Enem que será implantado pelo Ministério da Educação (MEC). Nas universidades que aderirem ao modelo, o exame substituirá o vestibular e os estudantes poderão utilizar a nota para tentarem o ingresso em até cinco universidades. A reportagem publicada pela Veja foi “só elogios” ao novo modelo, incluindo dados comparativos e opiniões favoráveis de professores e alunos. Já o Estado se mostrou nitidamente contra a mudança, como mostra a coluna de Paulo Renato de Souza, na primeira página da edição de domingo, 26 de abril. Leia a seguir trechos das publicações.

O Estado de São Paulo – 26/04
Enem – Os pingos nos is (Paulo Renato de Souza)
“Uma análise mais acurada (...) levaria à conclusão de que propostas como a da transformação do Enem em vestibular nacional e do concurso nacional de professores, tão apropriadamente criticado pelo Estado na semana passada, vão na contramão do progresso e da qualidade educativa num país grande e diverso como o nosso.”

Reportagem da Veja – 10/04
“A mudança no vestibular pode, portanto, contribuir para a necessária melhora do ensino médio - e ajudar a livrar as escolas brasileiras da velha cultura da decoreba. É uma prática nos colégios desde o Brasil colônia. Na década de 50, o prêmio Nobel de física Richard Feynman (1918-1988) observou o mesmo durante uma visita ao Brasil para investigar o nível de conhecimento dos alunos às vésperas do vestibular. Feynman ficou assombrado com a quantidade de fórmulas que eles tinham decorado, mas também com a total incompreensão do seu significado. Relatou o fato num livro em que concluiu: entre estudantes do mundo inteiro, os brasileiros eram os que mais estudavam física no ensino médio - e os que menos aprendiam a matéria. Cenário que permanece atual.”


Vemos que cada veículo defende um lado. E isso dentro da linha editorial da empresa.
Mais a frente, veremos quando começou esse tipo de Jornalismo, falaremos de um texto discutido na Universidade Metodista sobre o uso do Discurso Jornalístico para defender opiniões, e outros pontos que gerem discussão.
Além disso, para começo dessa nova fase do blog, incluímos uma nova enquete, na qual esperamos a participação de nossos frequentadores.

Um comentário:

  1. acreditar em jornalismo neutro é ingenuidade... mas, normalmente, o jornalista em si não tem a liberdade; precisa seguir a linha editorial do seu veículo. uma exceção são os articulistas, alguns deles com gabarito o suficiente pra assegurarem sua própria liberdade.

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