Entretanto, esse é um exemplo mais simples, não cria nenhum atrito entre o veículo e os leitores. E quando se trata de assuntos complexos como guerras, política e religião? Nesses casos, se o jornal, revista ou emissora defende uma opinião clara, seja ela contrária ou favorável ao assunto, cria polêmica. Nem tanto por mostrar um posicionamento, mas por defender, nas entrelinhas, a imparcialidade, e fazer exatamente o oposto. Pela contradição. O leitor se sente desrespeitado com essa hipocrisia.
Para ilustrar essa situação, encontramos na Internet um post muito interessante de abril de 2008 no blog Acento Negativo, de Ciro Hamen. Em abril de 2008, a Veja (novamente a Veja) publicou uma edição com o título “2026, é Lula outra vez”, e uma imagem extremamente irônica do presidente. No conteúdo, críticas ao governo. Quando Fidel Castro renunciou, a capa foi “Já vai tarde”, sem falar da matéria sobre Che Guevara entitulada “Che: A farsa do herói”. No blog, é levantada uma discussão sobre a Veja e seu posicionamento político claramente de direita. O autor do texto mostra-se irritado com a “hipocrisia” da revista em não sair “de cima do muro” publicamente, mas fazer críticas e mais críticas ao governo e aos movimentos esquerdistas sem assumir a opinião.
"O povo (aquele mesmo, o que vota no Lula) não é idiota. Talvez esteja na hora de os meios de comunicação acabarem com a hipocrisia e assumirem posições políticas. Pois acredito que a esta altura do campeonato, ninguém mais acredite que Veja é imparcial. De qualquer jeito, qual é a credibilidade que essa revista tem?”
Acento Negativo, post do dia 15 de abril de 2008
“(...) Não acho que a imprensa deve ser imparcial. Acredito que deva escolher seu lado e não se dizer "imparcial", como faz a Veja. Deve se contentar com a verdade factual e ser crítica. Este meu texto é totalmente opinativo e emotivo. Uma revista como a Carta Capital, por exemplo, assume que sua redação inteira vota no Lula. Não é bem melhor ler uma publicação assim?”
Acento Negativo, post do dia 15 de abril de 2008 - Comentário do autorParcialidade? Pode até existir... mas hipocrisia, jamais!
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