segunda-feira, 30 de março de 2009

Entrevista com Ivan Brasil - Editor do Jornal Imprensa

Nossa primeira entrevista é com o jornalista Ivan Brasil, editor do Jornal Imprensa e apresentador de rádio. Discutimos sobre o Jornalismo Brasileiro e o Jornalismo de Serviço, além de outros pontos interessantes que foram surgindo durante a conversa.




Confira trechos da entrevista com o jornalista Ivan Brasil:

Sua história no jornalismo

“Estou no ramo a cerca de 12 anos, comecei em um jornal de bairro em São Paulo, logo após trabalhei em um jornal de grande circulação no ABC, e hoje edito o Jornal Imprensa, há cerca de quatro anos. É um periódico quinzenal que tem distribuição gratuita. Também sou radialista e faço um programa diário em uma rádio aqui no Grande ABC”.

O jornalismo no Brasil

“O jornalismo surge no Brasil no século XIX, mais precisamente em 1808, com a vinda da família real portuguesa. Primeiro com a criação do “Correio Braziliense”, que era editado em Londres, para não se submeter à censura. Era um jornal crítico e independente, que falava principalmente da política e dos defeitos na administração do Brasil. Defendia a liberdade de imprensa e expressão. Inclusive, vinha contrabandeado ao Brasil. Depois, nasceu a “Gazeta do Rio de Janeiro”, que foi, aí sim, o primeiro jornal impresso efetivamente brasileiro. Bem diferente do Correio Braziliense, até porque era um jornal oficial da coroa portuguesa, com interesses políticos.”

A influência estrangeira no jornalismo brasileiro

“Inicialmente européia, quando a colônia, derivou-se de modelos exportados da metrópole, como a maioria dos países em desenvolvimento. Em 1808, quando a família real portuguesa chegou ao Brasil, o jornalismo brasileiro seguiu um modelo inspirado principalmente por jornais franceses e ingleses. Hoje, a influência americana é muito mais forte. Ela chegou aos poucos, através de laços políticos e econômicos. Inclusive, jornalistas brasileiros que foram estagiar nos Estados Unidos ao longo de várias décadas, implantaram nas redações brasileiras as bases do jornalismo americano. Por exemplo: o lead; o uso da pirâmide invertida, para a criação de um texto mais homogêneo e objetivo; a criação de editorias, e outros elementos relacionados com a administração, produção, e também, o visual gráfico”.

O jornalismo de serviço

“Caracteriza-se por oferecer ao leitor informações úteis ao seu dia-a-dia, por exemplo, ele orienta sobre aplicações financeiras, emprego, compra de produtos, entre vários outros assuntos. Inclusive, esse tipo de jornalismo torna o jornal um artigo de primeira necessidade, e como essas informações têm influência direta na vida de muitos leitores, o jornalismo de serviço exige um grau de precisão muito maior do que as demais especializações”.

A tecnologia na comunicação

“A influência da tecnologia está praticamente resumida a internet. O rádio está quase completamente ligado a internet, o impresso vem perdendo o espaço pra internet, porém é preciso tomar cuidado: devido à rapidez com a qual o jornalista conta para informar as pessoas, a verdade dos fatos pode ser prejudicada, pois muitas vezes não se importam em checar a informação antes. Em segundo lugar, o jornalista se preocupa cada vez menos com as questões éticas, quando tem à sua disposição recursos tecnológicos cada dia mais avançados”.

O futuro do jornal impresso

“Na minha opinião os grandes jornais do mundo acabarão em menos de 20 anos, porque os custos de produção e distribuição dos impressos, geralmente são muito elevados, dando lugar para o maior meio de comunicação mundial, que é a internet, onde os custos de produção geralmente são reduzidos sensivelmente. Na internet, artigos e reportagens podem ser complementados com informações adicionais que não teriam espaço nas edições em papel. As notícias podem ser atualizadas várias vezes durante o dia e acessadas instantaneamente por leitores em qualquer lugar do mundo. Além de todas estas vantagens, há também a possibilidade de se implantar serviços especiais, como consulta a bancos de dados com arquivos das edições passadas, classificados online, programas de busca, trânsito, tempo e temperatura, isso tudo quase em tempo real. Agora, os pequenos jornais, ou os jornais de bairros, poderão ter uma vida mais longa, pois são administrados por jornalistas que, vias de regra, praticam uma comunicação social mais pelo amor a profissão do que a preocupação com o faturamento ao final do do mês”.

Publicidade no jornal impresso

“O jornal não tem como existir sem anúncios publicitários, aí está o problema. Vamos imaginar que uma empresa tem um bom contrato de publicidade, e existe uma denúncia de que essa empresa está poluindo o meio ambiente, será que o jornal vai publicar essa denúncia, compromentendo a relação comercial? Ou um contrato bastante gordo com uma prefeitura, será que o jornal vai publicar alguma coisa sobre os atos ilícitos do prefeito? Certamente não. Então, é muito difícil praticar o verdadeiro jornalismo hoje, em função de ter que caminhar junto com a publicidade”.

5 comentários:

  1. Esses dias eu li um artigo que falava que um dos outros responsáveis para o fim do jornal impresso é a questão que estão esquecendo de "experimentar", trazer coisas novas a esse tipo de mídia.

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  2. Isso que o Morone falou é bem fato, mas creio que é possível existir novas alternativas no jornal impresso, porém, como muita coisa já foi explorada, fica algo meio que gasto e talvez a gente não consiga ver coisa nova podendo sair dela.

    Mas a internet, com hipermídia e tudo mais apresenta uma gama visivelmente maior de possibilidades de experimentos, isso sem contar com a velocidade que as informações podem ser difundidas...

    Mas não sei, creio eu que a Mídia Impressa não morrerá fácil assim não.

    Não sei se consegui explicar direito meu raciocínio mas blz, haha

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  3. Parabéns ao grupo todo e méritos ao entrevistador, a entrevista ficou excelente.

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  4. Parabéns ao entrevistador, ficou muito bom nem parece um estudante e sim alguém formado.

    ;P

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  5. parabéns pelo trabalho
    a entrevista foca os pontos principais e foram muito bem argumentados

    parabéns ao entrevistador.

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